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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Fluminense Notícias

Desrelativizando a teoria da evolução
Marcelo Savioli



Eu juro que não foi um ato premeditado para propiciar essa piada de meia pataca. Mas o fato é que enquanto escrevia a emocionada coluna do último sábado, após a maiúscula e imprescindível vitória sobre o Inter, Darwin deitou carreira da minha memória. Para não perder o ritmo, optei por colocar Eistein para tomar conta do seu lugar, até que Darwin voltasse à minha memória. Acabei esquecendo Eistein lá plantado, que veio a público, mudando o sentido da frase.

Estou falando da última coluna, quando citei um no lugar do outro e só no dia seguinte me dei conta de que esquecera de colocar as coisas nos seus devidos lugares.

E chega de equívocos, porque não posso ficar me dando a esses luxos, caso contrário lá se vai a minha credibilidade embora. E, ao contrário de Darwin, depois não volta.

Desde o começo do campeonato apontei o Fluminense como um dos grandes favoritos ao título, ao lado de Santos e Cruzeiro, colocando o Flu acima de todos. A razão? Simples. Tínhamos praticamente o mesmo time do ano passado, só que reforçado. Podíamos ter Deco ajudando mais que em 2010. Ciro estava chegando e era a grande contratação do Flu, no meu entender.

Quando o Corinthians arrancou, alertei que bastava os outros treinadores perceberem a artimanha de Tite, que a festa terminaria. Na semana seguinte Joel Santana e o Cruzeiro impuseram uma derrota ao Corinthians em seus próprios domínios. Dissera eu, no programa Fluminense em Debate, do Fluminense & Etc, que o Corinthians jogava sem a bola, cheio de volantes e com três atacantes velozes, explorando os erros dos adversários. Era só passar a iniciativa do jogo para eles. Dito e feito. Depois de abrir algo em torno de 10 pontos para o segundo colocado, o Corinthians começou a cair. Se recuperou quando Tite percebeu que não tinha mais jeito. Era a hora de mudar o esquema. Hoje joga no 4/4/2 e o Corinthians continua um time igual aos outros, sem maior brilho. Por isso não evolui.

Quando Abel obteve a primeira vitória atuando no 3/5/2, num momento em que não tínhamos um atacante de lado de campo, com Conca, Marquinho e Souza fazendo a linha de três meias ofensivos e He-man de pivô, vaticinei que precisávamos de mais um meia ofensivo, já que tínhamos Deco no elenco. Mas era necessário mais um meia, que até hoje nos faz falta, como no caso da partida contra o Atlético MG. Na segunda atuação no 3/5/2, apesar de atuar, Conca já não era mais do Fluminense. Em vez de contratarmos um meia, vendemos o nosso melhor. Mesmo com Deco no elenco, o campeonato estava perdido.

Quando chegaram Lanzini e Martinuccio, a esperança renasceu, uma vez que pelo menos tinha alguém, se não para ocupar o lugar de Conca, ao menos para jogar em sua posição. E Martinuccio, além de fechar o meio, jogava pelos lados do campo. O primeiro turno já se encaminhava para o seu final e o Flu pautava sua participação por ocupar todas as posições possíveis entre o sétimo e o décimo terceiro lugar. Era um time de meio de tabela.

Nesse momento volto ao começo do ano. Antes da Libertadores eu dizia que o primeiro semestre seria consequência do que fariam Deco e Fred. Deco foi o responsável pela virada sobre o América do México, Fred o nome da classificação contra o Argentinos Juniors. Se alguém souber de outro feito importante dos dois craques, os comentários estão logo abaixo da coluna. Falei também do Emerson. Esse todos sabem o que fez: muita confusão. E foi embora, me parece, graças a Deus e em boa hora!

Quando começou o segundo turno o Fluminense vinha de duas derrotas e um empate, mas jogara com coragem e até merecia maior sorte. O Flu era uma incógnita, mas eu repetia que tínhamos o melhor elenco e a derrocada do Cruzeiro e o desinteresse do Santos eram um bom sinal. As coisas estavam meio fora do lugar. Mais uma vez estava nas mãos de Fred e Deco. Mas também estava nas mãos do Roteirista e de Abel Braga, que se excedia nas experiências. Nem mesmo a sequencia de quatro vitórias foi capaz de dar uma cara definitiva ao Fluminense. Enquanto Abel tropeçava nas próprias ideias, o Roteirista entrou em cena naquele jogo memorável contra o Atlético GO. A partir dali ficou claro que não estávamos mais sozinhos.

Enquanto isso eu não abria mão do mantra: “temos mais elenco”. Até mesmo na tão criticada zaga fomos capazes de manter o desempenho um pouco acima da mediocridade usando uns cinco ou seis jogadores diferentes. Um pouco acima da mediocridade, é bom que se diga, não é nenhum demérito, se analisarmos os outros elencos. Vide aí o Flamengo, que ainda se dá ao luxo de continuar brigando pelo título.

Mas vamos então às razões, de forma sucinta, além da qualidade do elenco, que permitiram que o Fluminense finalmente chegasse aonde está: a dois pontos de Vasco e Corinthians. Em primeiro lugar, não neguemos méritos aos adversários. Corinthians, Botafogo, Vasco e Flamengo estão rigorosamente no mesmo lugar que estavam na virada do turno. Oscilam, oscilam e, a cinco rodadas do fim, continuam sendo protagonistas. Os times lá do meio também oscilam e acabam ficando no mesmo lugar, a exemplo do que fazem a maioria dos que estão na zona do rebaixamento. E todo mundo fica ali na casa dos 50% de aproveitamento. É por isso que ninguém muda de lugar. O Flu vem na faixa dos 70%. Apenas uma boa campanha. Se houvesse sido assim durante todo o campeonato, já estaríamos pensando em comprar as faixas. Infelizmente não foi assim. Cometemos muitos erros, dentre os quais o mais grave de todos, que foi a venda de Conca no meio do turno.

O fato é que de uns tempos para cá o Abel achou o seu time, no 4/4/2 basicão, sem muita invenção, com Deco coordenando as coisas e Marquinho imprimindo volume ao nosso jogo. Dois volantões fazem a proteção e os laterais ganham carta branca para buscar o ataque. Abel agora tem o time na mão, embora continue com umas substituições que só ele entende. E montou o time que queira, apesar dos nossos protestos, com Rafael Sobis.

Eis que surgem as últimas linhas dessa coluna de hoje. A mão do imponderável. Eis que Fred, depois de toda a publicidade negativa, regada a doses cavalares de caipisaquês, ressurge como o craque que é, ora definindo jogos com gols, ora desorientando as defesas adversárias com passes e assistências perfeitas. Eis de volta, em carne e osso, o Fred de 2009! Some-se a isso o reforço do Sobis de 2005, o terrivelmente preciso Sobis, e a receita está completa. Só o ataque do Santos se equivale ao do Flu nessa altura do campeonato.

Enfim, passado a travessia de descrença, pessimismo e arbitragens desastrosas, o temível Fluminense só não é ainda o grande favorito ao título porque não enfrenta mais o Corinthians, que está dois pontos à nossa frente. Para reverter esse quadro, temos duas partidas em casa. Quando o fizermos seremos, aí sim, os grandes favoritos ao título, porque teremos o melhor time na melhor colocação. Observando baixar a fumaça da estrada às nossas costas, percebemos que evoluímos muito. Essa é uma sentença impassível de relativização.

Todos ao Engenhão sábado!

Saudações Tricolores!

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06/11/2011 - 23:01

Foi vitória de campeão, Armando. Foi vitória de campeão
Marcelo Savioli



Vocês sabem como é essa coisa de morrer. A passagem humana tem lá os seus rituais. O homem não herdou dos macacos a vocação para os rituais. Nem Darwin corroboraria tal sandice. Vem da necessidade de organização e valorização dos momentos. Coisas do ser humano, que transcende a materialidade.

Como desconhecemos os rituais e trâmites nas esferas superiores, vamos aos fatos mais recentes. Armando já não sentia o peso da fragilidade física quando adentrou os portais da eternidade. Sentia a leveza inefável da condição etérea, quando se deparou com aquele belo e afetuoso sorriso. “Seja bem vindo”, falou-lhe com uma efusividade carinhosa o Sumo Pontífice. Armando não acreditava no que via. Em centésimos de segundo lhe passaram pela cabeça os momentos de fé e paixão vividos na arquibancada do Maracanã. Tantas vezes entoara a canção que evocava a misericordiosa interseção, ainda em vida terrena, daquele santo homem que lhe estendia os braços. “Seja bem vindo”, repetiu João Paulo II. Armando se entregou emocionado ao santo abraço, mas a lembrança daquelas tardes de domingo à frente da Young Flu já lhe suscitavam uma pergunta, que achou por bem não proferir, uma vez que acabara de chegar. As surpresas da outra vida não neutralizavam uma certa cerimônia. Tudo era tão novo e inesperado, mas sobretudo desconhecido. Cumpria moderação. Mas a pergunta lhe incomodava, mexia com sua ansiedade.

Quando avistou alguns tricolores de fina estirpe e indiscutível contribuição ao Prêmio Nobel do Esporte Mundial, exultou de uma sensação que devia ser algo além da felicidade. Algo nunca experimentado. Lá estavam Preguinho, Arnaldo Guinle, Telê, Manoel Schwartz, Pinheiro e um senhor, entre tantos outros, que se distraía dedilhando sua máquina de escrever, como quem tivesse por cumprir a tarefa de entregar a crônica do dia seguinte.

O Fundador, Oscar Cox, lhe dirigiu a palavra com um sorriso que só os grandes espíritos podem sorrir, explicando que ali reuniam-se os tricolores que passaram da vida terrena para a vida eterna. “O Fluminense é divino, caro Armando” - disse Cox. “E nasceu com a vocação da eternidade”, proferiu o profeta, sem tirar os olhos da máquina de escrever.

“Tu foste escolhido para estar entre nós, os seguidores do preferido dos Deuses, Armando. Afinal, tu dedicaste a vida, como poucos, àquele que entregou sua própria honra à patifaria humana para redimir os infiéis. Aquele que passou por todas as humilhações e ultrajes, acusado injustamente pelos farsantes e manipuladores. E lá estavas tu, naqueles momentos de desamparo, fiel, inquebrantável, punho em riste, sublimemente envolto no verde da esperança”.

Como todos sabem, o esporte é coisa séria e muito apreciado nas esferas superiores. O esporte é a mais bela expressão da vida. Em 90 minutos de uma partida de futebol, por exemplo, lá estão expressas todas as angústias e potencialidades humanas. Lá estão a solidariedade, a superação, o auto controle, a paciência e a paixão, entre tantas outras entidades inerentes ao ser humano e sua fantástica experiência na Terra. Apreciam muito os Deuses o jogo bem jogado e a disputa honesta. Deus é honesto e gosta que assim sejam as coisas.

Armando decidiu ousar perguntar, porque se não lhe pesavam mais as limitações físicas da vida terrena, a angústia lhe assaltava como se ainda estivesse encarnado. “E o jogo do Fluminense contra o Inter?”
Todos puseram-se a rir divertidamente, como se já esperassem por aquela pergunta. Armando observou que Telê era o único que não ria e resmungava ao pé do ouvido de Pinheiro. “Que ideia foi aquela do Abel de tirar o Marquinho e o Deco para colocar o Araújo e o Diguinho? Acaso queria perder o jogo?” Ao que Pinheiro lhe respondia: “deu certo Telê, deu certo”. Ao ver o diálogo lembrou que aqueles dois heróis conquistaram o Mundial de Clubes de 1952 pelo Mais Amado do Brasil. E dos Deuses, sabia agora. Era algo inimaginável poder estar entre eles.

“Armando – falou alguém do meio da animada reunião – o Botafogo perdeu, o Vasco e o Corinthians também.”

Ao ouvir aquela sentença, Armando pensou que morreria novamente de ansiedade. Fez as contas e se deu conta de que, com aqueles resultados, o Fluminense podia...

“Isso mesmo, Armando – interferiu o Profeta com sua voz rouca, adivinhando-lhe os pensamentos – o Fluminense venceu.”

O Tricolor se encheu de alegria, ergueu o punho e soltou um grito de “Nense!”.

“E como foi” - perguntou Armando tomado de ansiedade e euforia.

“Foi vitória de campeão, Armando. Foi vitória de campeão.”


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02/11/2011 - 14:29

É até o Figueirense
Marcelo Savioli



Vão me chamar de maluco, mas eu explico. Pelo menos até que se dê a 33a rodada, até mesmo o Figueirense está na briga pelo título. Tudo, no entanto, dependerá de Vasco e Corinthians. O Corinthians enfrenta o América MG, fora de casa, enquanto o Vasco encara o Santos na Vila. Ambos são jogos de desfecho imprevisível. Não se sabe como jogará o Santos e tampouco se o América, que joga a manutenção dos tubos e aparelhos pelos quais sobrevive, aprontará outra falseta, daquelas do tipo que a aprontou para Vasco e Fluminense.

Caso acabem derrotados, mantendo o líder da competição nos 58 pontos, começa a missão do Figueira, que é para lá de complicada, mas tem ingredientes interessantíssimos. Aliás, a missão da equipe catarinense já começa no sábado, quando terá pela frente o Botafogo. Vencendo, chegará aos 53 pontos, tirando três dos cinco que tem de desvantagem para o alvinegro carioca. Ficam faltando os outros dois e cinco rodadas. O Figueira ficará então a cinco do Corinthians, com quem disputa confronto direto na penúltima rodada. Ou seja, pode tirar três pontos de diferença. Enfrenta também Fluminense e Flamengo, ou seja, dos cinco primeiros colocados, poderá reduzir diretamente a vantagem e até ultrapassar quatro. Não dá para descartar. No mínimo os catarinenses podem ser o fiel da balança na reta final.

Situação totalmente à do São Paulo, que tem os mesmos 50 pontos. Os paulistas não enfrentam mais ninguém que esteja à sua frente. Mas pode se beneficiar do trabalho dos emergentes Inter e Figueira, assim como da difícil tabela do Vasco e surpreender. Sem contar com os clássicos entre os quatro cariocas que se darão à sua frente, que poderão beneficiá-lo. O São Paulo pega ainda Bahia, Avaí, Atlético PR, América MG, Palmeiras e Santos. É ou não um convite a sonhar.

Repito, porém, que tais sonhos dependem de derrotas de Corinthians e Vasco. Esses dois times tem nas mãos o poder sobre a vida dos concorrentes. Se vencerem, só Fluminense e Botafogo poderão continuar sonhando. O Fluminense graças ao confronto direto com o Vasco e ao impressionante número de vitórias, primeiro critério de desempate no caso de igualdade com algum rival em pontos. O Fluminense, aliás, a cinco pontos dos líderes, caso os mesmos percam ou até empatem, não estará fora da briga pelo título. Só terá que vencer todas as partidas subsequentes e torcer para que os mesmos tropecem. Ficará muito difícil, mas não impossível, haja vista a irregularidade dos líderes.

Nessa briga pelo título o Fluminense pode acabar levando um abraço de afogado do Inter. É o que ocorrerá no caso de ser derrotado pela equipe gaúcha e Vasco ou Corinthians vencerem. Aí a diferença vai para oito pontos e adeus! O Inter ultrapassaria o Flu, mas acabaria também a sete pontos, restringindo sua luta a uma vaga pela Libertadores.

Eis por que essa é a mais decisiva das rodadas. Todos os times que ainda pleiteiam o lugar mais alto do pódio estarão decidindo sua sorte. Podem sobreviver muitos ou morrerem todos abraçados.

Mas só para efeito de simulação. Suponhamos que Vasco e Corinthians percam suas partidas, que o Figueirense vença o Botafogo, o Inter o Fluminense, o São Paulo o Bahia e o Flamengo o Cruzeiro... Todos são resultados possíveis. Teríamos a seguinte classificação no final da rodada: Vasco e Corinthians ( 58 ), Flamengo e Botafogo ( 55 ), Inter ( 54 ), Fluminense, São Paulo e Figueira ( 53 ). Reparem que são 5 pontos de distância entre o primeiro e o oitavo colocado, faltando cinco rodadas, com 15 pontos em disputa.

Vamos supor, no entanto, que desses resultados um saia diferente do exposto acima. Suponhamos que o Fluminense vença o Inter. Deu até um frio no estômago, não deu? Dois pontos de distância para os líderes e dois jogos seguidos a disputar em casa. Ufa!
Se, no entanto, a rodada tem a possibilidade de inclusão, existe também a situação oposta. Caso Vasco e Corinthians vençam, do Flamengo, quinto colocado, para baixo, acabou o sonho, independente dos seus resultados. O Flamengo, mesmo vencendo e mantendo os seis pontos de distância, tropeça no seu baixo número de vitórias. Nem tirando os seis pontos ultrapassaria a Vasco e Corinthians.

Já o Flu, teria que vencer para poder continuar fazendo contas. Sobraria o Botafogo como desafiante. Em que condições? Depende do resultado da partida contra o Figueirense. Sendo assim, a coisa já começa quente no sábado, com Bota x Figueira e Bahia x São Paulo. Jogos que ajudarão a decidir a sorte de muita gente na 33a rodada.

Se vencermos o Inter, nada nos tira da briga, mas não custa nada sonhar com dois pontos de diferença para os líderes.

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29/10/2011 - 20:52

Os dados ainda estão rolando
Marcelo Savioli



Uma hora dessas o meu coração não aguenta. Se tivesse o hábito de frequentar o cardiologista, já estaria proibido de assistir a jogos do Fluminense. Mas eu fujo do cardiologista como um herege de sua sentença. E olha que isso nada tem a ver com as lindas cearenses que enfeitaram a transmissão da TV. O Fluminense tem lindas torcedoras em qualquer lugar. Fico pensando que se o Fluminense atuasse um dia no Vietnã, não faltariam lindas vietnamitas para enfeitarem a arquibancada vestindo o glorioso manto sagrado, oferecendo sua beleza em adoração ao Prêmio Nobel do Esporte, o maior de todos em todos os tempos e para sempre.

Assim é o Fluminense. Para sempre. Para sempre a receita perfeita para um encontro prematuro com Deus. Precisamos urgentemente nos desfazer da crença de que para nós tudo tem que ser difícil, chorado, apoteótico e beirando o insuportável. É isso ou nossa torcida tende a ir minguando aceleradamente nas UTIs do mundo inteiro.

O jogo de hoje, de alguma forma, me lembrou o Fla-Flu. Antes do jogo tudo indicava uma vitória fácil. O Fluminense tinha de volta Deco, Fred e Marquinho. No menino Elivelton eu já confiava de referências e de alguns segundos especulando seus movimentos. E estava certo. O problema era o Caveirão, que veio com tudo atropelando a nossa paz. O que deu na cabeça do Márcio Rosário? Mal o jogo começava, Rosário entrega a rapadura, logo aonde? No Ceará. E lá eles sabem muito bem como e o que fazer com essa iguaria. E fizeram o gol.

Era cedo ainda, nada mais que uma razão para irritação. Nosso ataque jogava bem e criava oportunidades. Já perdêramos uma com Sóbis, que quase rendeu um susto nos vizinhos, porque vi a bola lá dentro. Diga-se de passagem, o de baixo é flamenguista, mas aprendeu a se divertir com a minha irresistível loucura. Para saber o que se passa com o Fluminense, basta ficar com a antena ligada aqui em casa.

E ele deve ter tomado um susto quando ouviu o primeiro berro surdo. Era o primeiro gol de Sobis. Eu falei que o nosso ataque jogava. Criava oportunidades e desperdiçava. Mas o jogo não nos era assim tão favorável, porque a nossa saída de bola era deprimente. Enquanto a bola não chegava no ataque, era ajoelhar e rezar. O Fluminense tentava sair tocando. Antes preferisse as ligações diretas! Ninguém se entendia. Certo mesmo estava o Mariano, que rifava até a mãe se quicasse na sua frente. Como se não bastassem os erros na saída de bola, o Ceará, pelo menos até que Sóbis nos tranquilizasse, pelo menos parcialmente, com o gol de empate, a nossa marcação deixava um espaço escandaloso na intermediária defensiva sempre que o adversário contra-atacava.

Dali em diante a partida irrompeu o primeiro e o segundo tempo de forma equilibrada, com ligeira vantagem do Fluminense, que era mais eficaz no ataque. Lembrando que o ataque nunca deixou de atuar bem. Sobretudo porque Fred teve sua noite de Conca, distribuindo assistências precisas, como, aliás, ocorreu no primeiro gol. E não foi a primeira nem a última.

Um parêntese para o Fred, que tanto critiquei aqui pelo comportamento extra campo e pelo não comportamento em campo. Se continuar nessa toada, se tornará um dos grandes ídolos da imensa galeria de ídolos tricolores. Junto com Sóbis – olha o ataque de novo – foi o diferencial do time na noite de hoje. Deco alternou bons e maus momentos. Esteve muito lento. Parece que as ações não acompanhavam sempre o raciocínio. Marquinho demorou a se achar no jogo. Mas quando se achou foi o Marquinho de sempre, guerreiro, incisivo e tudo isso que já conhecemos.

Quando fizemos o segundo gol, imagino que a sensação de cada tricolor foi a de pânico. Agora era a vitória e a permanência na briga pelo título. E o Flu ainda perde o Elivélton. Oh vocação para sofrer! Mas o Abel fez as substituições certas. Tirou Deco e Fred, que já tropeçavam nas próprias línguas e colocou Lanzini e Souza. Diguinho já entrara bem no jogo e acabamos até dominando o jogo. Não que fosse razão para alívio. Era razão para mais sofrimento. E se, mesmo atuando melhor, levássemos um gol? Veio o Fla-Flu na cabeça.

Vamos precisar jogar mais contra o Inter, sobretudo no nosso sistema defensivo. Euzébio e Diguinho são bons referenciais. Nossa saída de bola precisa melhorar. Diguinho novamente! Estamos torcendo, Diguinho, para que você volte a ocupar àquela moda que conhecemos, o lugar de segundo volante. Faz uma baita diferença se o Onipresente volta com tudo. Já temos o Fred. O Sóbis desencantou de vez. O Deco, apesar de não ter sido o monstro de outras jornadas na criação, está presente, o que já diz muito. Falta você Diguinho.

Um passarinho me disse que uma vitória em Porto Alegre, no próximo domingo, vai provocar pânico entre os rivais. Mas vamos saborear essa vitória de hoje, que já nos custou um caminhão de nervos. Se algum nos sobrar, amanhã é dia de secar o time do apitaço e time lá de São Cristóvão.

Aconteça o que acontecer, estamos na briga. Os dados ainda estão rolando.



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23/10/2011 - 21:37

Não acabou ainda
Marcelo Savioli



Teríamos terminado a rodada em terceiro lugar, a dois pontos do Corinthians e quatro do Vasco, com a vantagem de ainda ter a equipe de São Januário pela frente. Esse deve ser o pensamento de todos nós nesse momento, permeado por forte enxaqueca.

Mas é exatamente o fato de ainda termos uma partida contra o Vasco que mantém acesa a chama da esperança em Álvaro Chaves. Além disso, o Vasco tem uma tabela dificílima pela frente. Serão três clássicos, São Paulo ( c ), Santos e Palmeiras ( f ). A partida aparentemente mais tranquila é contra o Avaí, em São Januário.

O problema maior é o Corinthians. A cinco pontos de distância, o time paulista tem a tabela aparentemente mais fácil. Por conta disso, precisaremos ter um aproveitamento muito próximo dos 100%. E temos time para isso. Temos, inclusive, elenco. Porém...

Ando preocupadíssimo com a situação de Deco. Não me atravessou a goela essa história de poupar o Portuga. Tenho a suspeita de que há algo mais grave. Tomara que seja infundada!

Sobre o Abel, acho que foi pior nas substituições do que na escalação. Não que tenha colocado em campo a formação que eu adotaria. Não entendi a ausência de Valência, que fez excelente dupla com Bob na última partida. Fora isso, não vejo grandes erros. Abel repetiu a formação tática da partida contra o São Paulo, quando atuamos muito bem, logo no começo do returno.

O problema é que o Atlético veio a campo muito bem postado, com a obsessão de evitar que o Fluminense jogasse a partir da intermediária. Sem a lucidez de Deco e o poder de infiltração de Marquinho, ficamos amarrados no meio de campo, nos sobrepondo defensivamente à timidez ofensiva do adversário, mas sem saber o que fazer com a esmagadora posse de bola. A sorte ajudou o Galo, que conseguiu dois gols em momentos importantes. O primeiro, logo no início do jogo, deu tranquilidade ao time de Cuca para empreender sua estratégia. O segundo foi a pá de cal nas possibilidades tricolores. Abel não tinha no banco as armas para reverter a tragédia. Para piorar, errou na primeira substituição, reinventando Araújo e colocando o time no 4/3/3, perdendo o volume de jogo no meio de campo. O certo seria a entrada de Souza no lugar de um volante, ainda que não confiemos em seu futebol. Pelo menos era a peça mais adequada às circunstâncias.

Para piorar a situação, a torcida, que compareceu em bom número, teve atuação desastrada. Faltou, sobretudo, a compreensão de que estávamos com um time limitado em seu meio de campo. Pior, com um meio campo cheio de jovens, que sentiram a pressão ainda no primeiro tempo. A perseguição a Fernando Bob chegou às raias da insanidade. O meia nem jogava mal. Apenas tropeçava na forte marcação do Atlético, que jogava todo atrás da linha da bola. Só não se podia esperar que Bob substituísse Deco à altura. Para piorar – sempre há algo a piorar – a torcida tricolor saudou efusiva e merecidamente o técnico Cuca antes da partida. Faltou a sensibilidade de saudar o nosso treinador em seguida. Afinal, é ele que está do nosso lado. E é a ele que devemos prestigiar, ainda que ande se especializando a dar tiros no próprio pé.

Talvez, com as peças que tinha, a melhor alternativa teria sido jogar defensivamente, de forma a abrir espaços para que Lanzini, Sóbis e Martinuccio pudessem contra-atacar em velocidade, contando com as saídas rápidas de Mariano, já que Carlinhos puxou o freio de mão ontem e, caracteristicamente, não prima pela velocidade. Em vez disso tentamos acuar o adversário em seu campo, o que até conseguimos, mas não conseguimos um único contra-ataque e praticamente não criamos oportunidades de gol. Ou seja, estratégia errada. O Atlético também precisava da vitória e a maior pressão estava com eles.
Enfim, semana que vem é o Ceará. O Fluminense deverá estar refeito dos desfalques e é o favorito. Vamos jogar com um olho no Engenhão, onde o Botafogo enfrenta o Cruzeiro. No domingo teremos que explorar todo o sobrenatural de nossas forças para secar Vasco e Corinthians. Um empate do Vasco diante do São Paulo, em São Januário, já está de bom tamanho. Qualquer tropeço do Corinthians diante do Avaí em São Paulo será visto como um sinal do tetra. Convém também secar o Inter, que pega o Atlético GO em Goiânia. Uma derrota colorada será uma ducha fria no ânimo gaúcho na luta pela vaga na Libertadores, o que pode nos ser muito favorável, já que os enfrentaremos no Beira Rio na rodada seguinte.

Não acabou ainda. Vamos continuar acreditando! É o Fluminense.

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21/10/2011 - 01:04

A semana está prometendo
Marcelo Savioli



A derrota do Botafogo, na noite da última quarta-feira foi o que de melhor podia acontecer com o Fluminense nessa semana.

Agora é vencer o Atlético MG sábado, concomitantemente secando o próprio Botafogo, que estará desafiando o desesperado Avaí em Fluripa, e ficarmos ligados em Vasco e Corinthians, que também atuam fora de seus domínios, diante de Bahia e Internacional.

É a possibilidade de terminarmos a 31a rodada a apenas um ponto do líder. Algo inimaginável antes do início do segundo turno e mesmo durante.

O que nos trouxe aqui é um composto de dois fatores: eles e nós. Começando por nós, contamos com acertos, grandes atuações e muita sorte nos momentos ruins. Deixamos de jogar partidas ridículas, como fazíamos no primeiro turno, exceto aquela disputada contra o Bahia. Nem por isso nos portamos sempre como quem almeja ao título, como na partida diante do Atlético GO, onde a sorte nos sorriu de forma retumbantemente indiscreta.

É aí que entram eles, os rivais. Não têm tido a seu favor a conjugação de fatores que têm nos favorecido. Fazem o que já faziam no primeiro turno. Oscilam todos. Com isso chegamos no bolo e agora dificilmente deixaremos de disputar o título.

Parece que um outro fator vem nos auxiliando: o elenco. Amanhã teremos um grande exemplo do como essa peculiaridade nos favorece, sobretudo após a recuperação clínica de Deco. Não teremos Marquinho e Fred, dois jogadores que vêm fazendo a diferença. Não teremos também He-man, o substituto natural de Fred. Mesmo assim, se de um lado vamos mudar um pouco nossa característica ofensiva, teremos substitutos de qualidade. Devem ser eles Lanzini e Martinuccio.

No último domingo foram Bob e Valência, uma dupla que sequer figurava, há duas semanas, entre os primeiros reservas. E deram conta do recado, até dando mais qualidade ao setor.

Olhemos então a situação do Flamengo, que, sem Ronaldinho Gaúcho e Thiago Neves, não tem substitutos para enfrentar o Santos. Claro que o caso do Flamengo é extremo. Corinthians, Botafogo e Vasco têm um elenco mais diversificado, mas também sofrem em alguns setores. O Vasco não tem um ataque de qualidade. O Botafogo tem, mas não conta com substitutos à altura. O Corinthians é a conta do chá. Saiu o Liedson e o time perdeu o rumo.

Mesmo assim faltam apenas oito rodadas e não dá para vestirmos o manto do favoritismo. Antes, devemos calçar as sandálias da humildade. São poucas rodadas para o final, ainda temos uma vantagem considerável a tirar e teremos dois clássicos, onde as forças se equilibram, nas duas últimas rodadas. Qualquer imponderável pode nos puxar o tapete.

Mas acredito muito na provável formação de sábado, com um meio ofensivo, veloz e que gosta da posse da bola. Devem ir para o jogo Edinho, eu preferia o Valência, Bob, Deco e Lanzini. No ataque devemos ter Martinuccio, dando velocidade e amplitude ao nosso setor ofensivo. Faltará talvez um pouco mais de infiltração, característica que a dupla Fred e Marquinho tem mais desenvolvida. Por baixo, no entanto, o Fluminense pode se tornar mortal, com Sóbis ocupando mais o miolo da área ofensiva.

A estratégia é ousada, mas o Fluminense pode. Tem qualidade para isso. Temos que pressionar o Galo e resolver o jogo no primeiro tempo, a exemplo do que deveríamos ter feito contra o Flamengo, evitando os transtornos que nos afetam até hoje. Tudo porque ficamos controlando o jogo, achando que venceríamos a qualquer momento. E qualquer momento não é uma coisa vaga. E coisas vagas permitem a intromissão de fatores inesperados, como a ação malfazeja do árbitro.
Esse é um aspecto com o qual devemos nos preocupar: a arbitragem. Por isso não devemos dar chance ao Galo. E a torcida terá um papel preponderante nisso, colocando pressão no adversário. Por isso, todos ao Engenhão amanhã.

Saudações tricolores!

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17/10/2011 - 02:40

O poderoso Fluminense F.C.
Marcelo Savioli



O Fluminense, na tarde desse domingo, mostrou todo o seu cartel de possibilidades. Consequentemente, mostrou toda a sua força e porque é candidatíssimo ao título de 2011.

A formação inicial apresentou um futebol digno de provocar suspiros. Deco comandava o meio de campo como um verdadeiro craque e maestro, organizando as ações e esbanjando categoria e aplicação tática. Nossa dupla de volantes, com Valência e Fernando Bob, abusou da sobriedade tanto na marcação quanto na saída de bola. Bob deu qualidade à transição e ainda chegou bem no ataque, conferindo volume ao jogo ofensivo, auxiliado pelo incansável Marquinho, que jogou onde deve; próximo ao ataque, dando opção de jogo, sobretudo, pelo lado esquerdo do campo. Ouso dizer, em que pese todas as críticas que já fiz a Bob, que tivemos ontem o melhor naipe de volantes atuando desde o começo do ano. Se jogar sempre o que jogou hoje, não sai do time.

Fred esteve impecável, jogando preferencialmente na área adversária, onde é seu lugar, mas buscando jogo no meio da hora certa, acertando na proteção da bola e distribuindo bons passes. Chegou a dar uma bela assistência a Lanzini no segundo tempo. Ainda que tenhamos apreciado atuações primorosas, como a do lateral Carlinhos, que hoje apoiou como em suas melhores atuações e acertou cruzamento primoroso no primeiro gol, Fred conseguiu ser o melhor em campo.

A dupla de zaga esteve irrepreensível, com Márcio Rosário e Euzébio ganhando tudo pelo alto e ainda tendo aproveitamento invejável nas antecipações por baixo.

Era o quadro perfeito, mas o Fluminense teve a infelicidade de não matar o jogo no primeiro tempo, quando o Palmeiras dava a impressão de coisa mal ensaiada, completamente baratinado na marcação e sem qualquer organização ofensiva, vivendo do trabalho isolado de Luan, o melhor do time, perturbando a defesa tricolor prioritariamente pelo lado esquerdo do campo.

Faltaram gols ao Fluminense. No segundo tempo o Palmeiras compactou o seu meio de campo e equilibrou a partida. Acabou beneficiado por um pênalti bisonho, quando sua senhoria viu Martinuccio derrubar o palmeirense na área, malgrado o mesmo sequer o ter tocado.

Estávamos já sob as consequências de um erro quase infantil de Abel Braga e da contusão de Deco, que, oxalá, não tenha sido nada grave. Abel colocou Diogo no lugar de Deco. Tudo indicava que Marquinho ficaria mais liberado para encostar no ataque e fazia-se prudente colocar um atacante de velocidade, para que o Flu pudesse explorar eficientemente os contra-ataques que o time paulista oferecia. Abel colocou Martinuccio. Só que no lugar de Marquinho, passando a atuar com três volantes e três atacantes. O dia que isso der certo, o futebol muda de nome e vai se chamar outra coisa. Foi o pior momento do Fluminense no jogo, em que pese um passe extraordinário de Carlinhos para Martinuccio, que poderia ter terminado em gol. A finalização do atacante, no entanto, saiu torta, diante do goleiro, salvando o Palmeiras do golpe fatal. E foi nesse momento que o Fluminense, cedendo sua intermediária ao adversário, acabou sofrendo o duro golpe da arbitragem. Tudo que fora feito no primeiro tempo, desabava no segundo.

Mas é o Fluminense. Por aqui as coisas nunca estão totalmente ganhas ou perdidas. Primeiro pela indecifrável e camisa, suas lições e seus enigmas. Segundo pelo cardápio de recursos dos quais dispõe Abel Braga. O treinador fez entrar Lanzini no lugar de Rafael Sobis e o Fluminense passou a jogar em alta velocidade, disputando um jogo aberto com o Palmeiras. Enquanto o time paulista abusava de lançar bolas na área, muitas vezes até explorando bem a linha de fundo, o Flu conduzia a bola em velocidade, criando situações de perigo para o Palmeiras e sendo parado por faltas.

Aos 41 minutos aconteceu o quase inevitável gol, que poderia ser de qualquer um dos lados. Determinou o destino que fosse do Fluminense, para que o campeonato continue imprevisível e emocionante. Martinuccio correu muito e conseguiu realizar um cruzamento tão difícil e improvável, que atrasou a reação do goleiro palmeirense. A bola passou à sua frente e Fred emendou de primeira para marcar o gol da vitória. Então foram mais sete longos minutos de sofrimento, onde o Palmeiras começou perigoso e o Flu mais perigoso ainda. Melhor que ninguém tenha convertido em gol o voraz apetite ofensivo e o Flu voltou ao G5, numa rodada em que, dos postulantes ao título, só o São Paulo foi derrotado. Sábado é o desesperado Atlético MG, um jogo dificílimo, no Engenhão.

A saga rumo ao tetra continua. O Fluminense tem na qualidade do seu elenco a maior arma para conquistá-lo, mas parece que começamos a ter uma cara. Isso, num momento como esse, pode ser determinante. Tomara!

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14/10/2011 - 13:26

A dancinha do Fred
Marcelo Savioli



Convenhamos que nosso craque é criativo. Que mané Sorrisão o que! Viva a espontaneidade!

Mas que a cara do Fred dançando a dancinha do Fred é impagável é. Como impagável foi aquele primeiro gol. Como eu li por aí, é daqueles gols que fazem o torcedor sair do estádio, pagar outro ingresso e voltar para assistir o restante da partida.

Diga-se de passagem, pelo restante da partida de ontem, valeria a pena.

Confesso que tomei um susto quando me dei conta de que a bola entraria. É que eu já me preparava para começar a tecer comentários nada elogiosos e aos berros contra o atacante que, até então, não tinha acertado praticamente nada. É que Fred ainda estava carregando a poltrona do avião nas costas.

Enfim, jogando assim, Fred é imprescindível e fatal. Imprescindível para o Fluminense e fatal para os adversários. Me fez reviver a velha crença de ter em nossos quadros o melhor atacante brasileiro da atualidade. Crença que antecede em muito sua vinda para o Tricolor. Certo está o Renato Gaúcho – acho que foi ele – que instou nosso craque da camisa nove a se dedicar mais. Dedicando-se, Fred é o melhor, desequilibra e encanta.

Falei mesmo no outro dia que cumpria que o capitão conduzisse o Fluminense ao tetracampeonato. Que não fizesse mais nada pelo clube depois, tal feito o elevaria à galeria dos imortais, ao lado de gente do porte de Castilho, Assis, Edinho e Conca. Isso porque alguns anos depois lembraríamos do homem que nos redimiu da série B em 2009, ajudou na conquista de 2010 e repetiu na reta final de 2011 o que já fizera em 2009, dessa vez para levar o Prêmio Nobel do Esporte ao seu quarto título brasileiro.

Mas vamos ao jogo! O Fluminense não me convenceu. Recorro a uma ferramenta muito interessante, que projeta em um futuro determinado qual deverá ser a pontuação das equipes envolvidas na competição. Leva-se em conta para o cálculo o desempenho recente e o nível de dificuldade da tabela futura, chegando-se a dois indicadores, que projetam a margem de pontuação das equipes. Os números abaixo mostram a projeção para a antepenúltima rodada. Basta uma olhada nos quatro times melhor cotados para concluirmos que o campeão brasileiro poderá terminar com uma pontuação bem aquém dos 70 pontos.


Corinthians -64 a 62 pontos
Vasco - 63 a 61 pontos
Botafogo - 61 a 60 pontos
São Paulo - 60 a 59 pontos

Fosse um campeonato com pelo menos uma equipe mais qualificada e regular, já estaríamos tentando reagrupar os sonhos para 2012, torcendo por uma vaga na Libertadores. E olhe lá. Mas num campeonato em que o líder, o Corinthians, leva um baile do Botafogo em pleno Pacaembu, que nem a mão sorrateira da arbitragem foi capaz de evitar, nos é permitido abusar dos erros e continuarmos na briga.

Basta pegarmos o primeiro tempo de ontem e avaliarmos as chances de gol do Fluminense. Uma jogada individual de Fred, que resultou no gol, um chute de fora da área de Marquinho e... Alguém lembra de mais algum lance de perigo? Até mesmo o Coritiba nos ameaçou mais. Se bem que só nos primeiros minutos.

No segundo tempo Abel apostou na imprudência do time paranaense para cometer uma aparente temeridade. Tirou um volante, recuou Deco para iniciar as jogadas, trouxe o time para trás da linha da bola e levou um sufoco no começo, porque só o Coritiba jogava. Com vários jogadores de bom toque de bola, o Fluminense preferiu abusar da ligação direta e da correria desenfreada.

Quando a estratégia encaixou, todavia, o Coritiba ficou a ver navios, o que até me deixou com uma pulguinha atrás da orelha. Por que não abrirmos mão de um volante? Abel já andou dizendo que gostaria de fazer isso. Edinho está suspenso...

Roubou-me o pioneirismo o jornalista Sidnei Garambone, do Sportv, ao ressaltar algo que me chamara a atenção na noite de ontem. Trata-se da capacitação defensiva de Deco. Além de atuar durante os 90 minutos e organizar o meio de campo, Deco se mostrou um bom e disposto marcador, sobretudo durante o segundo tempo. Com Lanzini esbanjando saúde, na flor da idade, e a qualidade defensiva inequívoca de Marquinho, não vejo absurdo algum em atuarmos com apenas um volante. Basta para isso que os laterais apoiem com moderação e os atacantes componham a marcação a partir da intermediária adversária. Algo parecido com o Santos de 2010, quando a posse da bola era a melhor defesa.

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09/10/2011 - 23:11

Eu não gosto de ganhar roubado
Marcelo Savioli



Eu não sei se isso vem de berço ou de antes dele. A lançar credibilidade sobre a primeira opção, o fato de meu pai ter sempre adotado como dogma uma tal de honestidade.

Enfim, eu sou daquele tipo que, nem mesmo na infância, admitia trapacear. Era uma opção que eu rejeitava e ainda rejeito com veemência. Não por uma questão de retidão moral, o que corrobora com a segunda tese. Eu sou competitivo. Gosto de ganhar. Mas ganhar roubado não tem graça.

Mas não tem mesmo. Aquele Fluminense x Bangu de 1985 sempre me perturbou, não que eu esteja convencido de que fomos beneficiados. A leve sombra de que isso pode ter acontecido já é o suficiente.

Já tive ímpetos de desejar disputar a série B por conta da Copa João Havelange de 2000 que nos levou direto da série C à série ª. Depois de ver o prejuízo que a manipulação espúria e vergonhosa dos fatos ocorridos nos anos de 1996 e 1997 causou ao clube, no entanto, percebi a balança equilibrada. Todos devem. Os times café com leite devem muito mais do que nós. Mas nós não deveríamos dever. É o meu time. É o Fluminense.

Trapacear tira a graça da vitória. Tira a legitimidade. Por isso temos que denunciar sempre as trapaças, para ridicularizar os trapaceiros. O futebol é um esporte como outro qualquer. Como tal, deveria primar por premiar aqueles que mais se esforçam, que melhor bolam suas estratégias de jogo e que usam seu talento de forma inteligente. Há décadas o futebol brasileiro vive açodado por esses episódios desprezíveis, que mudam o destino de campeonatos e legitimam falsos heróis.

E o pior de tudo é a complacência conivente da imprensa, sempre distorcendo os fatos e transformando vítimas em apenas chorões. Defendem o indefensável e legitimam apropriações indevidas de títulos conquistados no campo. Tudo movido pelo poder do dinheiro. Sempre o dinheiro, essa coisa que não nasceu suja, mas suja a nossa sociedade e acaba com a graça das coisas. Ninguém leva o futebol mais a sério. Virou uma grande comédia.

Ando já exausto com as trapaças, das pessoas que competem de forma vil em todos os terrenos da sociedade. E o futebol parece, a cada dia, o receptáculo de nossas botinadas morais.

O Fluminense pagou com sua reputação por episódios de compras de arbitragens promovidos por outros, por entregas imorais de adversários e pelo cinismo de quem deveria esclarecer, mas prefere manipular, comprar, corromper e, enfim, distorcer.

É por tudo isso que o Fluminense, o Prêmio Nobel do Esporte Mundial, aquele que já foi considerado a mais perfeita instituição esportiva do mundo, não às custas de papeletas amarelas e escândalos, mais de suor, trabalho e pioneirismo, tem uma missão que repete 2010 e se repetirá nos próximos anos. Atravessar o coro dos contentes, o sorriso dos cínicos e a imoralidade dos gabinetes é a nossa missão.

Se a atuação dos árbitros nos dois últimos Fla x Flus foi determinante para nossas derrotas, isso tem que ser assunto secundário diante da imoralidade explícita. Choro de perdedor é uma vírgula. Não é a derrota que choramos, mas essa espada cravada em nossos valores. Erros existem. Sabemos disso. Mas o importante é a intenção. O que vale é o jogo limpo. Não cabe discutir se a falta inventada no segundo gol do Flamengo foi mais importante que o chute do Botinelli. O chute foi mais importante e a nefasta ação do Sobrenatural de Almeida mais ainda. Mas isso não anula o fato de que não foi falta e até o mais idiota de todos os idiotas viu que não foi falta. Não aceito a providencial relativização dos manipuladores. Que vão relativizar suas imagens no espelho!

É um absurdo que tratemos como curriqueiro saber que seríamos prejudicados pela arbitragem. Isso, por si só, já revela o vexatório de nossa condição. O jogo não é para ser roubado e o juiz deve ser isento. É assim que tem graça. Só assim tem graça. Mas o futebol é o reflexo dos valores de nossa sociedade, não é? E deve ser por isso que eles têm mais torcida, não é?

Tá bom. Não gostaria de estar aqui falando disso. Nem disso, nem tampouco me vangloriando de um acerto que adoraria assumir como erro. Mas é fato que eu já avisara durante a semana que a nossa escalação estava errada. Time envelhecido e afunilado contra um adversário caindo aos pedaços. Tínhamos que ter usado jogadores velozes, vigorosos e incisivos, como Diogo, Ciro, Lanzini, Martinuccio. Demos ao Flamengo o que ele precisava. Não os incomodamos muito. O deixamos respirar. Aí vem uma substituição estapafúrdia, tirando um volante para colocar o Souza. Fizemos o segundo gol e ficamos vulneráveis na defesa. E ainda recuamos, quando tínhamos que abafar os atrapalhados rubro-negros em seu campo, que apanhavam da bola, mas acabaram ganhando no suor, no apito, na inspiração do Botinelli e na ação sorrateira do Sobrenatural de Almeida.

Quinta-feira é Fluminense x Coritiba. A batalha foi perdida, mas a guerra não terminou.

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06/10/2011 - 23:06

É só eu começar a me empolgar...
Marcelo Savioli



Abel Braga tem uma incrível capacidade de me surpreender, seja positiva seja negativamente.

Anda tirando meu sono a provável escalação de domingo. Abel parece determinado a escalar Deco pelos últimos movimentos do tabuleiro. Até aí, tudo bem. Mas Abel resolveu também que Sobis será titular. Não é o Sobis o problema.

O problema é que nosso treinador esqueceu dois fatores preponderantes no meu rudimentar entender. Primeiro que ficamos sem qualquer opção de velocidade no setor ofensivo. Sobis não é o homem que vá preencher essa competência. Rafael Moura muito menos. Como escalou Deco no lugar de Lanzini, Abel suprimiu também a competência velocidade no meio. De quebra, com essas duas alterações, Abel acabou com o equilíbrio entre juventude e experiência que havia no clube. Não é de se estranhar o desempenho do time no treino dessa quinta feira, onde houve lentidão quase entorpecente.

E aí vem a velha pergunta: por que Abel tem que mudar o que está dando certo. Já houve quando teve que mudar por necessidade, por ocasião da saída de Conca. Já houve também quando, sem qualquer explicação razoável, sacou Ciro, que vinha bem ao lado de Fred.

Ciro e Diogo, após entrarem no time, foram responsáveis pela mudança de postura do time na maravilhosa sequencia de quatro vitórias. Não obstante, estão fora do time titular. Teremos que confiar que Edinho esteja num daqueles seus dias inspirados. Mas por que esperar pela imprevisibilidade de Edinho se temos o previsível Diogo?

Pior, com Sobis ao lado de Rafael Moura, teremos a qualidade do primeiro no posicionamento, nos cruzamentos e nos arremates. O problema será fazer a bola chegar a ele. Sem um jogador que puxe a marcação adversária para os lados, abrindo caminho para as entradas em diagonal dos laterais e infiltração dos meias, teremos ainda Mariano percorrendo quilômetros de grama para chegar quase desfalecido à lateral da área adversária, sendo obrigado a cruzar a bola de qualquer maneira, por não ter com quem triangular.

Já vejo o Fluminense afunilando o jogo, quando Martinuccio mostrou na partida contra o Santos que é opção para buscar a linha de fundo e dar assistência ao avanço dos laterais.

Enfim, a escalação me parece equivocada e fadada a complicar um jogo cujas circunstâncias nos favorecem. O Flamengo não tem sua referência, que é Ronaldinho Gaúcho, como não tem Airton e Willians na boa e velha proteção à zaga. Mas estamos querendo equilibrar o jogo com lentidão ofensiva.

Que João de Deus ilumine a cabeça de Abel! Teremos o segundo tempo. Que não seja um segundo tempo tardio.

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Notícias do Fluminense

10/11/2011 - 17:14
Despedida de um super-herói
Ézio e velado nas Laranjeiras e será homenageado no jogo contra o América-MG

Lucas Cruz

Ralff Santos/Fluminense F.C. Super Ézio. Esse foi o apelido dado pelo ex-locutor Januário de Oliveira para um dos maiores ídolos do Fluminense. Ézio Leal Moraes Filho morreu aos 45 anos na noite de quarta-feira, vítima de câncer no pâncreas. A doença foi descoberta em outubro de 2010 e o ex-atacante se tratava em um hospital de Jacarepagua, Zona Oeste do Rio. Ézio começou a jogar no Flu em 1991, deixando o clube em 1995. Em sua trajetória foi campeão da Taça Guanabara (1991,1993) e Carioca em 1995. Sua ligação com a torcida começou pelos gols em cima do rival Flamengo em jogos decisivos. O super herói tricolor é o terceiro maior artilheiro do clássico, marcando 12 gols. Além disso, foi o nono maior artilheiro no clube, marcando 119 gols em 237 jogos.

No velório, realizado no Salão Nobre das Laranjeiras, dentre amigos e parentes, o atacante Fred prestou pesar da morte do ídolo. O atual camisa 9 prometeu uma homenagem no jogo de sábado contra o América-MG no Engenhão. Ele já homenageou Ézio no jogo contra o Corinthians, usando Super Ézio na camisa ao entrar no estádio.

No treino de hoje, os jogadores e membros da comissão técnica se reuniram em uma roda, rezaram e fizeram um minuto de silêncio em memória do ex-atacante. O departamento de marketing prepara ações para homenagear o ídolo no próximo jogo, no Engenhão, às 19h.

Em 2008, Ézio participou das transmissões da Rádio Canal Fluminense na Libertadores como comentarista. A equipe do Canal Fluminense lamenta a perda do amigo, companheiro e eterno ídolo.


28/05/2008 - Transmissão do jogo Boca Juniors x Fluminense
Foto: Ana Luiza Lima/Canal Fluminense



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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Semana Tricolor


04/10/2011 - 17h59

Tricolor começa semana de Fla-Flu com treino integral e modificações na equipe

Do UOL Esporte
No Rio de Janeiro
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  • O meia Deco treinou entre os titulares nesta terça-feira e pode ganhar uma chance no Fla-Flu
    O meia Deco treinou entre os titulares nesta terça-feira e pode ganhar uma chance no Fla-Flu
Após dois dias de folgas, o elenco do Fluminense se reapresentou nesta terça-feira para treinamento em tempo integral. De manhã, físico, à tarde, coletivo.Tudo para começar forte a semana que antecede o Fla-Flu que pode ser fundamental para o futuro tricolor dentro do Brasileirão. Com problemas de lesões e suspensão, além de opções do técnico Abel Braga, o time deverá ter no clássico algumas mudanças em relação aquele que venceu o Santos por 3 a 2.
No setor defensivo, a mudança é certa. Sem Gum, lesionado, e Digão, expulso na última rodada, Abel deve optar por Marcio Rosário, herói contra o alvinegro ao fazer o gol da vitória.
Já o goleiro Diego Cavalieri não deverá ser problema. Contra o Santos, o camisa 12 sofreu uma pancada nas costelas e realizou, no domingo, uma tomografia computadorizada, que não apontou fratura ou fissura na região. Nesta terça-feira, em ambos os turnos, o jogador realizou apenas tratamento intensivo. Segundo a assessoria, as dores diminuíram e Cavalieri não preocupa para o Fla-Flu.
No meio-de-campo, ainda é cedo para alguma definição, mas o coletivo desta tarde deu uma pista. Durante a atividade, Deco jogou no time titular, na vaga do argentino Lanzini, que teve atuação apagada contra o Santos.
No ataque, uma coisa é praticamente certa: a entrada de Rafael Moura na vaga de Fred, que foi convocado para a Seleção Brasileira que disputa dois amistosos nos próximos dias. Outra possibilidade é a escalação de Rafael Sobis, autor de um golaço no sábado, no lugar de Martinuccio, que não participou do treino com bola devido a dores musculares, assim como o zagueiro Leandro Euzébio.
Com isso, a formação foi a seguinte: Ricardo Berna, Mariano, Elivélton, Márcio Rosário e Carlinhos; Edinho, Diguinho, Marquinho e Deco; Rafael Sobis e Rafael Moura.
Com 44 pontos e em quinto lugar, o Fluminense enfrenta o Flamengo (sexto colocado com a mesma pontuação), neste domingo, às 16h, no Engenhão, em partida válida pela 28ª rodada do Brasileirão.

Notícias do Flusão


05/10/2011 - 07h12

Com melhor campanha do 2º turno, jogadores do Flu levam bom astral a crianças do INCA

Do UOL Esporte
No Rio de Janeiro
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  • Digão e Matheus Carvalho passaram a tarde da última terça-feira no Instituto Nacional do Câncer
    Digão e Matheus Carvalho passaram a tarde da última terça-feira no Instituto Nacional do Câncer
Bastou a virada do primeiro para o segundo turno para que o Fluminense engrenasse de vez no Campeonato Brasileiro. Até agora, foram 19 pontos conquistados em oito jogos. São seis vitórias, com um empate e uma derrota, o que leva o time do técnico Abel Braga a um aproveitamento de 79,2% na segunda metade da competição. Motivados por estes números, dois jogadores do elenco tricolor resolveram levar esse bom astral a crianças muito especiais.
O zagueiro Digão e o atacante Matheus Carvalho visitaram na última terça-feira o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Centro da cidade do Rio de Janeiro. E lá, eles puderam compartilhar a satisfação pela fase atual do clube com crianças que se reuniram para a festa antecipada pelo Dia das Crianças e se mostraram eufóricas com os visitantes ilustres.
  • Nelson Perez
    No INCA, Digão fez de tudo para aumentar a torcida do Fluminense
Os jogadores tricolores, que foram carregados de brindes, passaram pela enfermaria e também por leitos, onde tentaram convencer algumas das crianças a torcerem pelo Tricolor, que neste domingo encara o clássico com o Flamengo, às 16h, no Engenhão, em partida válida pela 28ª rodada do Brasileirão.
Porém, assim como as crianças do instituto, Matheus Carvalho e Digão terão que assistir ao Fla-Flu pela televisão, já que o primeiro segue no departamento médico, e o segundo terá que cumprir suspensão automática por ter sido expulso no último sábado, na vitória por 3 a 2, sobre o Santos.
O elenco volta aos treinos nesta quarta-feira, às 15h, nas Laranjeiras. Tudo para dar continuidade à evolução do time no campeonato e também para levar alegrias à torcida tricolor, assim como as crianças do INCA fizeram com Matheus Carvalho e Digão